A educação vista pelos olhos do professor

FVC e Ibope entrevistaram professores de redes públicas de todo o país e concluíra: eles amam a profissão, mas só 21% estão satisfeitos com ela.

Paola Gentile (novaescola@atleitor.com.br) , colaborou Patrícia Cassi

Você conhece bem esta realidade: o professor adora a profissão,mas não está satisfeito com ela. Sabe que é parte de sua função preparar os alunos para um futuro melhor e gosta de ver as crianças aprendendo, porém se ressente por ter de providenciar a Educação global (valores, hábitos de higiene etc.) que a família não dá. NOVA ESCOLA e Ibope conversaram com 500 professores de redes públicas em todas as capitais brasileiras e os números são muito reveladores da situação em que se encontram nossos educadores.
53% têm no amor à profissão sua principal motivação.
63% trabalham no que gostam.
83% têm consciência da importância da profissão de professor.
80% já participaram de cursos de capacitação depois de formados.
Ao mesmo tempo, muitos se queixam do trabalho duro e (o pior) não reconhecido pela sociedade.
63% relatam viver em nível significativo de estresse.
48% sentem falta de mais segurança contra a violência.
54% estão descontentes com os benefícios,47% com o salário e 47% com a sobreposição de papéis (em relação à família dos alunos).
21% estão satisfeitos com a profissão (um número assustador: em pesquisas similares o índice oscila entre 40 e 60%, chegando a 80% em algumas áreas que podem ser chamadas de privilegiadas).
A pesquisa foi feita com o objetivo principal de investigar como os professores brasileiros se relacionam com o trabalho, os alunos e a escola e de que forma eles enxergam o futuro da profissão. Nesta reportagem, você vai encontrar diversos números - e também uma análise muito especial para refletir sobre alguns desses dados.Para debater os resultados obtidos, NOVA ESCOLA convidou um grupo de educadores de diferentes áreas, todos com contato direto com a sala de aula e com a formação inicial e continuada dos nossos docentes. São eles: Celso Favaretto, filósofo da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Lino de Macedo, pedagogo do Instituto de Psicologia da USP, Luis Carlos de Menezes, do Instituto de Física da USP, Maria Cristina Mantovanini, psicopedagoga do Instituto Vera Cruz, em São Paulo, Sônia Kruppa, socióloga da USP e da Fundação Santo André, Telma Weisz, especialista em Psicologia da Aprendizagem e assessora pedagógica da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, e Vera Trevisan, psicóloga da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Lino de Macedo. Foto: Daniel Aratangy
“A sociedade mudou e, hoje, o papel
de quem está à frente de uma sala de aula
também é educar e dar carinho. Se todos
perceberem que isso existe –
e não é um bicho-de-sete cabeças –,
a angústia diminui.”

Lino de Macedo,
Professor da Psicologia da USP

Base frágil
As três maiores surpresas da pesquisa apareceram justamente nas questões sobre a relação do professor com seu público-alvo e com o ambiente de trabalho.
Os alunos são vistos como desinteressados e indisciplinados e são percebidos, junto com a família, como os principais problemas da sala de aula. "Quando o profissional não se sente capaz de cumprir sua tarefa - no caso, planejar, ensinar e fazer com que a maioria adquira conhecimento -, tende a responsabilizar fatores externos, apontando justamente para os lados mais frágeis do sistema”, afirma Maria Cristina Mantovanini.
A formação inicial é apontada pela maioria como “excelente”. Mas, ao mesmo tempo, reconhecem não estarem preparados para o dia-a-dia dentro da sala de aula.“Como a relação entre a motivação e a prática de ensino quase não aparece, muitos provavelmente não se dão conta de como a graduação foi ineficiente”, observa Telma Weisz.
As secretarias (municipais e estaduais) de Educação e o Ministério da Educação praticamente não aparecem como atores importantes da realidade do Magistério. É igualmente preocupante porque essas instituições deveriam ser as provedoras não só das políticas públicas mas também de toda a infra-estrutura e das condições gerais para que a aprendizagem ocorra. “O professor não se enxerga como parte do sistema e, por isso, se sente tão sozinho na difícil tarefa de ensinar”, enfatiza Sônia Kruppa.

Comentários

Postagens mais visitadas

FAÇA PARTE DA NOSSA TRIBO!

O PODER DO PENSAMENTO POSITIVO

Saiba como ativar uma atitude mental positiva para alcançar a prosperidade. Com uma leitura fácil e dinâmica te ajudamos a trabalhar a sua mente subconsciente com pensamentos positivos diariamente. Comprar Agora